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Bebês podem morrer no fim da gestação? Médica explica sinais de alerta

Nesta semana, duas celebridades brasileiras, Tati Machado e Micheli Machado, enfrentaram a perda de seus bebês na reta final da gravidez.

No último dia 12 de maio, a apresentadora Tati Machado deu entrada na maternidade após perceber que não sentia mais os movimentos do bebê. A gestação, até então tranquila, terminou com a triste constatação de que o bebê não apresentava mais batimentos cardíacos.

Poucos dias antes, a atriz Micheli Machado viveu situação semelhante. Na madrugada do dia 9, notou a ausência de movimentos fetais e, ao realizar exames de emergência, também recebeu a pior notícia: o bebê estava sem vida. Ela ou por uma cesárea de urgência no dia seguinte.

Reprodução/Redes Sociais
Tati Machado e Micheli Machado perderam seus bebês na reta final da gravidez

Os casos deixaram muitas mamães preocupadas e levantaram uma pergunta importante: como identificar os sinais de risco e um óbito fetal tardio? Para entender melhor o assunto, conversamos com a obstetra Ana Maria Coêlho, que nos ajudou a esclarecer as dúvidas mais comuns sobre essas perdas gestacionais tardias.

O que é óbito fetal intrauterino?

Antes de tudo, é importante usar o termo correto: não se trata de “aborto tardio”. Segundo a médica, o termo técnico é outro. “O aborto precoce acontece com menos de 10 semanas, já o aborto tardio, com mais de 10 semanas. Acima de 20 semanas de gestação, já é considerado óbito fetal intrauterino, ou seja, a morte do bebê ainda dentro do útero”, explica.

Apesar de tristes, casos como esses são raros no Brasil. Dados do Ministério da Saúde apontam que, em 2021, a incidência de óbito fetal foi de 1,1%. 

“O óbito fetal súbito é um evento muito raro. Aconteceram dois casos muito próximos de pessoas famosas, e isso naturalmente assusta. Mas precisamos tranquilizar as gestantes: são situações fora da curva”.



Ana Maria CoêlhoMédica Obstetra

Mesmo assim, raridade não significa impossibilidade. O Ministério da Saúde registra, em média, 8 a 10 óbitos fetais a cada mil nascimentos. A maior parte dos óbitos ocorre após 28 semanas de gestação.

Freepik
Casos de óbito fetal intrauterino são raros no Brasil

Quais são as principais causas do óbito fetal no fim da gestação?

Apesar de muitas gestações caminharem bem até o final, algumas doenças aumentam o risco de complicações graves:

• Diabetes gestacional ou prévio

• Infecções, principalmente urinárias e sífilis

• Hipertensão e pré-eclâmpsia

• Síndrome do anticorpo antifosfolípide (SAF), uma trombofilia rara

• Problemas genéticos ou malformações não identificadas

“Durante o pré-natal, a gente rastreia e trata essas doenças. Ter sífilis ou diabetes não significa que o bebê vai morrer, mas a chance é maior do que em quem não tem nenhuma condição associada. Por isso, o acompanhamento é essencial”, reforça Ana Maria.

Infelizmente, alguns casos ainda escapam da explicação médica. Mesmo com todos os exames, o bebê pode falecer por motivos que permanecem desconhecidos. Quando não é possível identificar o motivo da perda, mesmo após investigação detalhada, a perda é denominada óbito fetal súbito. 

“É importante dizer que uma pequena parcela dessas situações ocorre de forma inexplicada, sem nenhuma causa aparente e sem nada que possa ser feito para diagnosticar ou prevenir. Mas isso é a minoria.”

Nesses casos, investigações posteriores podem incluir exames genéticos, avaliação da placenta e até necrópsia para entender o que aconteceu.

Gabriel Paulino/Governo do Piauí
Acompanhamento e pré-natal são essenciais para evitar complicações

O principal sinal de alerta: movimentos do bebê

Tanto Tati quanto Micheli relataram o mesmo sintoma: pararam de sentir o bebê se mexer. E esse é o principal ponto de atenção no fim da gravidez, segundo a obstetra. “Um bebê que está se mexendo, geralmente está bem. Se ele não estiver se mexendo como de costume, a gestante deve ficar atenta.”

Mas não precisa pânico a cada 15 minutos. Ana Maria explica que o bebê também tem ciclos de sono e, naturalmente, períodos de menor atividade.

O que observar:

• O bebê deve se movimentar todos os dias e em todos os turnos.

• Se estiver muito quieto, coma algo doce, deite de lado e fique com a mão na barriga.

• Se mesmo assim o bebê não se mexer ou estiver diferente do normal, procure atendimento médico imediatamente.

Além da movimentação reduzida, a gestante deve ficar atenta a:

Como prevenir perdas no final da gestação?

Não existe fórmula mágica, mas algumas atitudes aumentam muito as chances de um final feliz:

• Realizar o pré-natal completo e de qualidade

• Manter controle de doenças como diabetes e hipertensão

• Ficar atenta aos movimentos do bebê

• Não hesitar em buscar atendimento em caso de alterações

“A melhor prevenção ainda é o pré-natal. Quando ele é bem feito, mesmo que haja um risco, a chance de um desfecho ruim ainda é muito baixa.”

Por fim, a obstetra deixa um conselho importante para todas as grávidas. “É natural ter medo, especialmente no começo. Mas o ideal é aproveitar cada fase, estar bem informada, fazer o acompanhamento certinho e não viver a gravidez com paranoia. A maioria dos bebês nasce bem.”


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